Conto - Meu Camelô
Após o expediente de Sexta eu teria meu momento de folga. Cheguei no apê, tomei um banho e resolvi dar uma volta. Não haviam muitas opções perto de casa, queria um boteco para tomar uma cerveja, bater um papo e nada mais. Um quarteirão e já tomava minha bebida ao som de "Feitiço da Vila" de Noel Rosa. Um corajoso cantor arriscava sua voz de taquara rachada no videokê e ia minando seu bolso entre goles de cerveja e música. Eram 19:30, o bar foi lotando, logo chegou o Benê, um camelô, conhecido meu de algum tempo. Não esperava vê-lo e assim que pediu uma cerveja, convidei para ficar na mesa comigo e botarmos o papo em dia. Eu sempre parava para comprar algumas coisas com ele e assim fizemos uma boa amizade após uns 4 meses. A vida de Benê não era fácil. Ele é mais um daqueles que saem de outros lugares do Brasil vindo tentar a vida em São Paulo. Aos 53 anos, aquele cara moreno de pele mais escura, pernambucano, baixo e gordo, cabelos lisos já ganhando o tons da idade, mostrava